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A produção de leite no Brasil está envelhecendo.

Em diversas regiões do país, a imagem clássica da atividade leiteira, associada a esforço físico exaustivo, rotina pesada e retorno financeiro limitado, ainda afasta a nova geração das propriedades rurais. E esse afastamento tem um custo silencioso para toda a cadeia: a quebra na continuidade produtiva.

Quando um produtor sai da atividade sem deixar sucessor, o laticínio não perde apenas um fornecedor, perde volume, previsibilidade e presença territorial. E em regiões onde essa realidade se repete, a estrutura de captação se enfraquece.

Não por acaso, a sucessão familiar já vendo sendo discutida como um ponto crítico da cadeia. Um exemplo é a mobilização liderada pela Secretaria de Agricultura do Tocantins, que reuniu representantes do setor para debater o futuro da produção leiteira no estado. Entre os temas centrais? A ausência de jovens na atividade e os riscos da falta de renovação nas propriedades.

Mas esse quadro pode (e deve) ser revertido. Parte desse processo passa por desmistificar a imagem ultrapassada da produção de leite, ainda marcada por um histórico de dificuldade e sacrifício.

Hoje, a realidade é outra. Com apoio técnico, acesso à informação e maior profissionalização da gestão, muitos produtores conseguiram modernizar suas rotinas, automatizar processos e aumentar significativamente a rentabilidade da atividade.

O problema é que a mensagem ainda não chegou como deveria aos jovens do campo. Muitos cresceram ouvindo os pais dizerem que a lida com leite “é de domingo a domingo”, “dá muito trabalho” ou “não compensa”.

Mas poucos ouviram que a produção de leite pode ser rentável, tecnológica e viável como projeto de vida, quando bem estruturada.

Por isso, o desafio da sucessão familiar não é apenas convencer o jovem a ficar. É mostrar que vale a pena construir o futuro dentro da atividade — com suporte técnico, acesso a ferramentas modernas, e visão de negócio.

Para o laticínio, esse tema precisa estar no radar com urgência:

• Porque perder produtores por falta de sucessão é um risco real e crescente;
• Estimular a permanência dos jovens é investir na sustentabilidade da sua captação;
• Indústrias que se aproximam da base produtora com visão de futuro fortalecem a cadeia como um todo.

O futuro da produção leiteira começa quando o passado deixa de ser um peso. Desmistificar a atividade e mostrar seus avanços é o primeiro passo para garantir que a próxima geração permaneça, e que a cadeia siga em movimento.

Publicado em: 17/02/2025